A central de
atendimento do Disque Denúncia do Rio de Janeiro recebeu de janeiro a
maio deste ano 17.442 denúncias relacionadas a crimes contra crianças e
adolescentes. Desse total, 2.495 eram sobre violência sexual: 1.342
denúncias sobre exploração sexual comercial e 1.153 sobre abuso sexual.
Os dados foram divulgados hoje (18), Dia Nacional de Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
A maioria das
denúncias foi sobre prostituição infantil: 1.068. Nessa forma de
violência, mães e pais foram identificados em 35% das denúncias como os
responsáveis diretos pela exploração sexual dos filhos.
Estabelecimentos de prostituição (bordéis e/ou prostíbulos), bares, lan house ou
residências transformadas para esse fim apareceram como locais de
exploração sexual de crianças e adolescentes em 18% das denúncias. A
pornografia infantil apareceu em mais de 274 denúncias sobre sites com
fotos e vídeos de menores de idade. O tráfico de pessoas foi o crime
com o menor número de informações: 49 denúncias. Na capital fluminense
foram feitas 634 denúncias, a maioria registros ocorridos no centro e na
zona oeste. O serviço funciona durante 24 horas pelo telefone (21)
2253-1177.
Um dos membros da comissão executiva do Fórum Estadual
de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Lúcio Taveira disse
que a quantidade de denúncias representa um avanço, mas está aquém do
número real de casos de exploração sexual dessas faixas etárias.
“As
instituições de atendimento a essas vítimas sentem que o número de
casos de violência é muito maior do que os notificados. De uns anos para
cá principalmente, devido à divulgação da mídia e ao trabalho de
conscientização da população, o número de denúncias vem crescendo, mas
ainda prevalecem uma cultura de violência contra a criança e o
adolescente e uma percepção machista que naturaliza as relações sexuais
entre homens e crianças. É um longo processo de mudança de paradigma”.
Taveira
também é coordenador da organização não governamental (ONG) Projeto
Legal que elabora e propõe políticas públicas para garantir direitos às
crianças e adolescentes e de atendimento jurídico e social às vítimas de
violência. É um longo processo de mudança de paradigma.
Um dos
projetos realizados pela ONG, patrocinado pelo governo inglês -
Exploração Sexual Não! - trabalha direta e indiretamente com a
qualificação de cerca de 10 mil jovens de quatro comunidades para atuar
como agentes na prevenção de violência contra crianças e adolescentes.
Ainda
de acordo com Taveira, os governos e a sociedade civil estão cada vez
mais atuantes na proteção de crianças e adolescentes, mas ainda é
preciso fortalecer a rede de atendimento e criar um sistema de
diagnóstico nacional permanente sobre casos de violência contra eles.
“É
necessário sofisticar a metodologia de atendimento a essa criança e a
esse adolescente. Em muitas situações, a criança tem que repetir várias
vezes o aconteceu com ela, o que é uma agressão, por exemplo. Além
disso, não temos um sistema de notificação apurado que tenha o
acompanhamento e monitoramento dos casos. Os diferentes órgãos não se
comunicam. Para elaborar uma política pública precisamos da verdadeira
extensão desse fenômeno”.
Casos de exploração sexual de crianças e
adolescentes costumam passar primeiro pelos órgãos de segurança
(delegacias) que investigam a denúncia, já os casos de abusos sexuais
começam pelo Conselho Tutelar ou pela Procuradoria de Justiça.
Fonte: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/05/18/em-5-meses-disque-denuncia-recebe-17-mil-queixas-de-crimes-contra-criancas/
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