segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tecnologia ajuda no trabalho de investigação criminal da Polícia Civil


Muito além dos seriados de investigação que fazem sucesso na televisão, a Polícia Civil tem utilizado novas técnicas de apuração que auxiliam no trabalho e permitem, com maior exatidão, o esclarecimento de crimes. De acordo com o delegado titular da 93ª DP de Volta Redonda, Alexandre Leite, a parceria com o Instituto de Identificação Félix Pacheco (IFP) e o Instituto de Criminalística Carlos Éboni (ICCE) tem garantido bons resultados nas investigações.

Segundo Leite, a resolução do assassinato de Moacyr Cardoso Ferreira, de 30 anos, ocorrido em abril de 2008, foi possível após o trabalho o integrado entre a DP de Volta Redonda e o ICCE. Ele informou que o corpo foi encontrado com diversas perfurações provenientes de tiros, boiando no Rio Paraíba do Sul.

Conforme disse o delegado, o crime foi solucionado depois de que o policial atentou para alguns detalhes desconsiderados na época da investigação. Somado a isto foi solicitado um exame de balística.

Ele destacou que a utilização de recursos tecnológicos confere maior credibilidade às investigações, sendo a prova material uma ferramenta para que os resultados das apurações não sejam facilmente refutados pelos advogados dos acusados.

- Estes recursos tecnológicos são ferramentas importantes para a polícia na investigação, pois significam mais uma possibilidade de comprovação dos fatos. Se a apuração não for realizada de maneira minuciosa tem-se o risco de que o autor do crime seja absorvido. Desta forma, todo o trabalho feito será em vão – disse.

Segundo Leite, esses recursos técnicos são fundamentais para comprovar ou contradizer a fala de testemunhas ou o depoimento do próprio suspeito.

- Atualmente os inquéritos não são constituídos apenas de depoimentos testemunhais. O uso de tecnologias modernas ajuda a esclarecer e comprovar se o que está sendo dito é verdade – afirmou.

O delegado ressaltou que algumas pessoas questionam a demora para a resolução de alguns casos. Ele lembrou que diversos fatores interferem no desenvolvimento da investigação.

- Há casos em que a pessoa foi encontrada dias depois do ocorrido e sem que haja qualquer testemunha. Uma vez, por exemplo, recolhemos um corpo que estava boiando no Paraíba. Não havia quem tivesse testemunhado o crime e ninguém registrou o desaparecimento do indivíduo. Uma investigação dessa forma é mais difícil porque a polícia não tem nenhuma informação como ponto de partida – esclareceu.

Conforme explicou Leite, a comprovação de quem teria sido o responsável pelo assassinato de Moacyr foi possível após serem cruzados os dados do projétil encontrado na vítima com a arma do suspeito. Ele lembra que o recurso balístico já era usado pela polícia: o diferencial foram os novos equipamentos adquiridos – mais modernos -, que permitem maior precisão. Atualmente, o tempo de espera para que a delegacia receba o laudo do material enviado para o ICCE, no Rio de Janeiro, tem sido de até quatro meses, lembrando que o Instituto atende a todas os municípios do estado.

- A perícia realizada na capital fez uma comparação das ranhuras da raia da arma, uma espécie de digital do projétil. Os técnicos atiraram em uma superfície específica com a suposta arma do crime e fizeram no microscópio a superposição da imagem produzida com a encontrada no corpo. A comparação apontou que ambas as balas tiveram a mesma origem – explicou.

Outros recursos destacados pelo delegado foram o uso do luminol (substância que permite verificar se há sangue no local mesmo depois que o ambiente ou objeto tenha sido lavado) e o serviço móvel de papiloscopista, com policiais especializados em trabalhar com a identificação humana (como a verificação de impressão digital).

- Esses recursos permitem colocar o suspeito na cena do crime. Se a impressão encontrada tiver 13 pontos coincidentes com o suspeito, o fragmento digital já é considerado suficiente para identificação. Além dessas técnicas outros recursos também são utilizados, mas por questão de segurança preferimos não divulgar. O importante é que as pessoas saibam que estamos trabalhando da melhor maneira para elucidar os crimes ocorridos – finalizou Leite.

Talita Ribeiro – Volta Redonda

Original em: http://diariodovale.uol.com.br/