quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Internet aumentou risco de crimes contra crianças. Relatório da UNICEF diz ser necessário proteger os mais novos

Um estudo da UNICEF revela que a Internet veio aumentar «a escala e o potencial» de crimes contra as crianças, sendo necessário capacitá-las para se protegerem e acabar com a impunidade dos abusadores. «Embora ofereça mais oportunidades para educação e informação que em qualquer outra época da história, (a Internet) veio também amplificar a escala e o potencial de ameaças às crianças», concluiu o estudo «Protecção das crianças do abuso e exploração sexuais no ambiente de fusão On-line/Off-line», divulgado esta terça-feira em Florença, Itália. Segundo a agência Lusa, o relatório alerta para a necessidade de criar «um ambiente mais seguro» online, que actue em quatro áreas. O objectivo é capacitar as crianças para que se protejam, acabar com a impunidade dos abusadores, reduzir a disponibilidade e o acesso ao perigo e apoiar a recuperação das vítimas. «O rápido crescimento do mundo online não criou os crimes que envolvem abuso sexual e exploração de crianças, mas fez aumentar a sua escala bem como o alcance dos potenciais danos causados», afirmou o director do Gabinete de Investigação da UNICEF, Gordon Alexander. É preciso «reconhecer isto e tomar medidas apropriadas, tantas quanto possível», salienta Alexander, acrescentando que deve-se respeitar «o direito das crianças a explorarem o novo ambiente e o potencial que essa tecnologia proporciona». O estudo explica os riscos que os jovens correm na Internet e apresenta um enquadramento para protegê-los dos perigos em três vertentes: imagens de abuso de crianças, sedução manipuladora online e «cyberbullying». Capacitar as crianças «é fundamental para enfrentar o problema», pois «as crianças são geralmente consideradas mais hábeis na Internet do que os seus pais e professores, e têm uma percepção diferente da dos adultos em relação aos riscos que correm», defende. Segundo o relatório da UNICEF, a legislação e a respectiva aplicação efectiva à escala global são elementos de protecção cruciais, mas em termos nacionais, a aplicação das leis tem sido lenta em muitos países, e naqueles em que essa legislação existe, a mesma carece muitas vezes de harmonização, em particular nas áreas de definição de «criança» e de «pornografia». Dos 196 países analisados, apenas 45 dispõem de legislação suficiente para combater as infracções por utilização de imagens de abuso de crianças. «O fim da impunidade dos abusadores deve ser outro dos focos de atenção, um desafio tornado mais difícil pela natureza sem fronteiras desses crimes». Os pais, professores, técnicos de serviço social, as polícias e a indústria têm um papel a desempenhar no apoio aos esforços das crianças para que se auto-protejam, indica. O estudo acrescenta ainda que «não é possível remover todos os riscos que existem no ambiente online», que é «demasiado vasto, não governado, em evolução constante», «mas nem é desejável que esse controlo seja almejado, porque o controlo total destruiria a essência da Internet e os seus múltiplos benefícios». Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/internet-criancas-criminalidade-abusos-unicef-tvi24/1308073-4071.html