segunda-feira, 3 de maio de 2010

Assalto

Andando pelas ruas do Rio de Janeiro a sensação de insegurança é notada a cada passo que se dá.
Mesmo estando no meio de uma multidão, ninguem "compra" a briga de ninguem.
Eu aconselho a que ninguem deixe de viver, ninguem deixe de sair, mas que ao sair, tenham em mente que a diversão pode ter um preço a ser pago. Essa colocação pode ser traduzida de várias formas, porém, quero eu falar sobre a violência de uma forma em geral.

Sabado de madrugada, estava eu nos Arcos da Lapa, ponto turístico do Rio, quando ao parar em um local (deserto em termos), fui abordado por dois indivíduos. Abordagem simples e direta: " Ae tio, boa noite, (aperto de mão), Paga uma parada pra nois comer que nois tá no maior rango". Logo, como todas as pessoas, eu disse que não tinha dinheiro e o papo se estendeu: " Ae, a situação tá feia, eu to desempregado, saí de casa hoje boladão, meti duas faca na cintura pra poder meter um assalto em alguem. Meu amigo tá com um "treisoitão" na cintura pra me dar cobertura caso voce tentar fugir, gritar ou chamar os "homi". Eu já to fudido mesmo, se me prenderem, vai ser só mais uma vez, se eu matar alguem, vai ser só mais um, eu não tenho nada pra perder, já voce não, deve ter emprego, familia e eu acho que isso deve valer mais do que seu aparelho e seu dinheiro né? Então, cala a boca, passa tudo que voce tem aí e se tentar fazer qualquer gracinha eu mando meu amigo te metar bala aqui mesmo no meio da rua".
Nota-se que nesse momento, ninguem me viu, ninguem olha para o lado, não passa uma viatura da policia, parece que tudo se finda alí. Mil e uma coisas passou pela minha cabeça, à saber: Gritar, correr, dar um soco na cara de um deles, jogar um na frente de um carro, mas nada disso acontece. Uma sensação de impotência tomou conta de meu ser e por mais que eu quisesse, a única forma de sair ileso era entregar o que tinha.
Como um filme, imaginei meu corpo caído na rua com a barriga aberta por uma facada, imaginei minha perna estourado por um tiro na panturrilha, imaginei minha familia chorando e eu em uma maca de hospital e como em um estalar de dedos,entreguei o que eles queriam.

Logo após a sensação de impotência, veio a sensação de ser ou de ter sido um verdadeiro idiota. E se eles não estivessem armados nada? Se me levaram só na sugestão?

Mesmo assim, eu entreguei, com vontade de reagir, não moví um dedo para contrariar e graças a esse ato de covardia é que hoje eu estou aqui para poder contar com riqueza de detalhes o fato ocorrido.
Minha família está tranquila, meu emprego ainda me proporcionará uma oportunidade de comprar outro aparelho de telefone e o mais importante de tudo, A EXPERIÊNCIA VIVIDA, coisa que ninguem roubará de mim jamais. E é essa experiência que eu quero dividir com você.

Não tente reagir, pois num piscar de olhos, você poderá perder o seu bem mais precioso, A VIDA.

Fica a dica...

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