sábado, 20 de junho de 2015

Homicídios em Lavras

    Assustei-me quando li a página policial de um jornal da cidade que comprei neste sábado, 20 de junho. Como o assunto é do meu interesse o li primeiro e deparo-me com uma matéria que informava ao leitor que esta semana o número de homicídios em Lavras chegou a seis, isso representa uma média de um assassinato por mês e que numa cidade de cem mil habitantes, era muito, se comparado com cidades de países desenvolvidos, mas se comparado à realidade brasileira, Lavras ainda é uma cidade segura. 
Quando continuei a leitura da matéria, não esperava que mesmo sendo perito, iria receber informações e dados que me dariam condições de traçar um perfil criminológico dos seis casos, mas esperava ter no mínimo informações embasadas em dados mais claros. 
O texto informava ao leitor que entre as cidades mais violentas do Sul de Minas Lavras é a segunda colocada com seis homicídios, sendo: 
1 - 11 de janeiro (vítima 39 anos) 
2 - 28 de janeiro (vítima 46 anos) 
3 - 30 de janeiro (vítima 33 anos) 
4 - 28 de fevereiro (vítima 25 anos) 
5 - 16 de março (vítima 18 anos) 
6 - 16 de junho (vítima 29 anos) 

   A matéria não se preocupou em mostrar a realidade dos fatos, a situação psicológica, criminológica ou social dos envolvidos em cada caso, dando a entender que estava se instalando um caos como tem acontecido no estado do Rio de Janeiro, onde os moradores já sentem medo de andar à noite pelas ruas e os turistas pensam duas vezes antes de irem para lá. Espanta-me sendo os donos de jornais e televisões, pessoas com conhecimento do “poder de persuasão” que tem a mídia sobre a grande parte da sociedade e mesmo assim, trazer até o leitor informações pela metade, causando dubiedade de pensamentos deixando que o senso comum reine e que os leitores tirem suas próprias conclusões.

Uma notícia com o peso dessa aqui discutida tem de trazer todos os dados de cada caso e não informações incompletas, pois agindo assim poderá trazer más consequências para o leitor. 
A informação da forma como foi trazida por este jornal causa ao leitor, medo, pavor e sensação de insegurança, colocando ele em um patamar de grande chance probabilística em ser a próxima vítima. Uma informação completa, que não deixa o leitor em dúvida sobre o que está lendo deve embasar-se em algumas perguntas: QUEM? QUANDO? COMO? ONDE? O QUE? POR QUÊ? 

Por outro lado, a mesma mídia que nos informa acaba nos motivando e nos levando a refletir e às vezes até tomar algumas atitudes. Creio que os jornais locais deviam unir forças com o Poder Público, com as Universidades aqui constituídas e com a Sociedade Organizada com o intuito de promover e ou patrocinar palestras nas escolas, nas igrejas, nos bairros e até mesmo criar eventos de impacto positivo em meio ao público onde ocorrem com maior frequência esses casos de homicídio possibilitando assim melhoras na qualidade de vida dos cidadãos. Vamos pensar em formas para mudar essa realidade, juntos fazemos mais. 

Josecler Alair 
Perito Judicial 
Investigador Particular
CRA-RJ 03.00836-3

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